Jorge Antunes e Maria Lúcia Pinto Leal
Professores da Universidade de Brasília
A Universidade de Brasília possui uma editora que pode e deve se dedicar à publicação da produção intelectual dos pesquisadores e criadores de sua comunidade. Mas isso não acontece. Os recentes escândalos que envolvem a Editora da UnB vieram escancarar as entranhas de uma estrutura que envergonha, e que ajudou a manchar a imagem da instituição junto à sociedade brasileira.
Mas a lógica perversa daquela Editora é velha conhecida da comunidade acadêmica. Ela sempre funcionou como editora comercial, visando lucros. Sua ação dentro da Universidade foi sempre criminosa, se confrontando antagonicamente ao espírito público de difusão do saber: tornou-se uma empresa como qualquer outra, ávida por lucros.
Teses importantes e primordiais vivem engavetadas. Eis um dos sérios problemas enfrentados por professores universitários com sua produção. Muitos docentes da UnB vivem a frustração de não poder publicar seus livros e outras produções intelectuais, cujos conteúdos, importantes contribuições científicas, estéticas e pedagógicas, deveriam ser rapidamente socializadas para seus pares, para a comunidade e para as novas gerações.
A atividade editorial acadêmica deve ser reflexo e vitrine da maturidade intelectual da instituição. Para tanto, não basta publicar. É necessário fazer, através da divulgação profissional, com que o livro e outras publicações cheguem às mãos do leitor, disseminando o conhecimento. Assim, os livros e as revistas produzidos pela Universidade poderão formar elo forte entre a produção acadêmica e a sociedade. A editora universitária deve dialogar com a comunidade externa que busca seu aprimoramento profissional no saber acadêmico.
São inúmeros os casos de professores que, após submeterem seus originais ao conselho editorial da Editora da UnB, festejam a aprovação da obra em seu mérito. Mas a comemoração se interrompe algum tempo depois, quando recebem a notícia de que o Departamento Comercial da editora, em seguida, avaliou o trabalho como "não comercial".
As editoras comerciais não se interessam por trabalhos cuja tiragem, para se esgotar, deve esperar por alguns decênios. Alguns poucos órgãos de fomento apoiam edições científicas e artísticas, mas com a escassez deprimente e vergonhosa que trava e esconde a pujança da criação brasileira. A frustração acadêmica, assim, é inevitável.
É preciso que estejamos preparados para as mudanças que já estão em marcha no mundo do livro. A informática, o livro eletrônico, os recursos do hipertexto, hoje se juntam aos suportes conhecidos. A criação de bibliotecas caseiras monumentais é fenômeno que cada vez mais nos aproxima do sonho da Biblioteca de Alexandria. Mas o livro eletrônico nunca ultrapassará, em consumo, o livro em papel.
O renascimento do movimento estudantil, manifestado na recente revolta dos estudantes da Universidade de Brasília, nos oferece um novo momento para a comunidade universitária. A letargia, a condescendência, a omissão e o conformismo são rejeitados. A chama de luta, de vitória e de esperanças que foi acesa pela coragem da juventude, deve continuar viva, avançando nas mudanças. Estas podem chegar a todos os níveis em trabalho de reconstrução total. O projeto de reconstrução há de incluir, em suas metas, a criação de uma nova Editora da UnB: uma verdadeira editora universitária que será um dos braços acadêmicos que facilitarão o cumprimento da função social da universidade.
A construção da nova universidade da capital da República tem que passar pela total revisão da estrutura da Editora da UnB. Essa reestruturação deve começar pelo saneamento financeiro, alicerçado em profunda e detalhada auditoria de gastos, para evitar o surgimento de estruturas paralelas de poder, focos de corrupção como os que foram descobertos. Uma editora universitária tem por missão a difusão do conhecimento produzido pela instituição em que se insere. Ela não pode ter o lucro como principal objetivo. A mudança tem de passar por uma redefinição dos critérios editoriais, com a criação de conselhos e subconselhos capazes de captar, avaliar e indicar as obras merecedoras de incentivo. Por último, a editora precisa operar dentro dos critérios de realização de sua finalidade: o conhecimento e o consumo de suas obras. Portanto, distribuição eficaz e mecanismos modernos de divulgação devem fazer parte do conjunto de suas tarefas.
A editora precisa passar a se destacar, entre as células da instituição, como o protagonista principal no trabalho de difusão da produção acadêmica e da cultura do centro-oeste. Isto será possível com vontade política e inclusão dessa tarefa como prioridade da futura administração.
Professores da Universidade de Brasília
A Universidade de Brasília possui uma editora que pode e deve se dedicar à publicação da produção intelectual dos pesquisadores e criadores de sua comunidade. Mas isso não acontece. Os recentes escândalos que envolvem a Editora da UnB vieram escancarar as entranhas de uma estrutura que envergonha, e que ajudou a manchar a imagem da instituição junto à sociedade brasileira.
Mas a lógica perversa daquela Editora é velha conhecida da comunidade acadêmica. Ela sempre funcionou como editora comercial, visando lucros. Sua ação dentro da Universidade foi sempre criminosa, se confrontando antagonicamente ao espírito público de difusão do saber: tornou-se uma empresa como qualquer outra, ávida por lucros.
Teses importantes e primordiais vivem engavetadas. Eis um dos sérios problemas enfrentados por professores universitários com sua produção. Muitos docentes da UnB vivem a frustração de não poder publicar seus livros e outras produções intelectuais, cujos conteúdos, importantes contribuições científicas, estéticas e pedagógicas, deveriam ser rapidamente socializadas para seus pares, para a comunidade e para as novas gerações.
A atividade editorial acadêmica deve ser reflexo e vitrine da maturidade intelectual da instituição. Para tanto, não basta publicar. É necessário fazer, através da divulgação profissional, com que o livro e outras publicações cheguem às mãos do leitor, disseminando o conhecimento. Assim, os livros e as revistas produzidos pela Universidade poderão formar elo forte entre a produção acadêmica e a sociedade. A editora universitária deve dialogar com a comunidade externa que busca seu aprimoramento profissional no saber acadêmico.
São inúmeros os casos de professores que, após submeterem seus originais ao conselho editorial da Editora da UnB, festejam a aprovação da obra em seu mérito. Mas a comemoração se interrompe algum tempo depois, quando recebem a notícia de que o Departamento Comercial da editora, em seguida, avaliou o trabalho como "não comercial".
As editoras comerciais não se interessam por trabalhos cuja tiragem, para se esgotar, deve esperar por alguns decênios. Alguns poucos órgãos de fomento apoiam edições científicas e artísticas, mas com a escassez deprimente e vergonhosa que trava e esconde a pujança da criação brasileira. A frustração acadêmica, assim, é inevitável.
É preciso que estejamos preparados para as mudanças que já estão em marcha no mundo do livro. A informática, o livro eletrônico, os recursos do hipertexto, hoje se juntam aos suportes conhecidos. A criação de bibliotecas caseiras monumentais é fenômeno que cada vez mais nos aproxima do sonho da Biblioteca de Alexandria. Mas o livro eletrônico nunca ultrapassará, em consumo, o livro em papel.
O renascimento do movimento estudantil, manifestado na recente revolta dos estudantes da Universidade de Brasília, nos oferece um novo momento para a comunidade universitária. A letargia, a condescendência, a omissão e o conformismo são rejeitados. A chama de luta, de vitória e de esperanças que foi acesa pela coragem da juventude, deve continuar viva, avançando nas mudanças. Estas podem chegar a todos os níveis em trabalho de reconstrução total. O projeto de reconstrução há de incluir, em suas metas, a criação de uma nova Editora da UnB: uma verdadeira editora universitária que será um dos braços acadêmicos que facilitarão o cumprimento da função social da universidade.
A construção da nova universidade da capital da República tem que passar pela total revisão da estrutura da Editora da UnB. Essa reestruturação deve começar pelo saneamento financeiro, alicerçado em profunda e detalhada auditoria de gastos, para evitar o surgimento de estruturas paralelas de poder, focos de corrupção como os que foram descobertos. Uma editora universitária tem por missão a difusão do conhecimento produzido pela instituição em que se insere. Ela não pode ter o lucro como principal objetivo. A mudança tem de passar por uma redefinição dos critérios editoriais, com a criação de conselhos e subconselhos capazes de captar, avaliar e indicar as obras merecedoras de incentivo. Por último, a editora precisa operar dentro dos critérios de realização de sua finalidade: o conhecimento e o consumo de suas obras. Portanto, distribuição eficaz e mecanismos modernos de divulgação devem fazer parte do conjunto de suas tarefas.
A editora precisa passar a se destacar, entre as células da instituição, como o protagonista principal no trabalho de difusão da produção acadêmica e da cultura do centro-oeste. Isto será possível com vontade política e inclusão dessa tarefa como prioridade da futura administração.
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