terça-feira, 12 de agosto de 2008

Vamos à luta: Não há o que comemorar no aniversário da UNE


No passado a UNE ajudou a organizar a campanha pelo petróleo é nosso!
Hoje apóia o governo de Lula que privatiza nosso petróleo e as áreas sociais!

A construção da União nacional dos Estudantes - UNE foi marcado pela campanha em defesa do monopólio estatal do petróleo na Petrobrás. Esse exemplo demonstra a importância do engajamento da juventude na defesa da soberania nacional, que só se faz lutando contra o imperialismo. A subordinação aos banqueiros, a divida externa e interna impuseram um processo absurdo de privatização do patrimônio dos trabalhadores e da juventude. Lógica que se aprofundou no governo Lula.
Diferentemente da direção majoritária da UNE (UJS/PC do B e PT) que está longe das mobilizações, nós vamos à luta e defendemos uma forte campanha contra os leilões que privatizam as reservas petrolíferas da Petrobrás realizadas pelo atual governo. Somente dessa forma, conseguiremos uma Petrobrás 100% estatal. Defendemos o engajamento na luta pela anulação da privatização da Vale do Rio Doce, pois apesar do plebiscito nacional organizado por uma serie de entidades como o MST e a CONLUTAS, Lula mantêm a VALE privatizada. Do mesmo modo, lutamos para reestatizar as empresas estratégicas privatizadas na era FHC, que não foram canceladas pelo atual governo. Queremos a reversão das privatizações do governo Lula, como a reforma da previdência e as Parcerias Público-Privadas.
No passado a UNE lutou contra a ditadura!
Hoje a UNE reúne com Lula para atacar universidade pública!

Um dos melhores períodos da UNE foram às lutas pela redemocratização, pois ficou claro que a independência diante dos governos e reitorias é uma necessidade. O custo era alto para quem não se curvava à fúria dos Generais. Nesse período Honestino Guimarães, presidente da UNE, foi assassinado pela Ditadura Militar.
Hoje a situação é bem diferente. A presidente da UNE, que é do PCdoB, partido da base do governo Lula, atua como braço direito do presidente. Um dos exemplos dessa opção pelo planalto pôde ser vista durante as ocupações de reitorias contra o REUNI, onde a presidente da entidade qualificou os estudantes em luta como "conservadores", legitimando a expansão sem qualidade da reforma universitária do Banco Mundial.
A UNE, pela política de sua direção majoritária (PC do B e PT), perdeu a radicalidade anterior. Antigos dirigentes da entidade,conseguem postos de Ministros, como o do esporte, e os atuais comportam-se ao máximo para trilharem o mesmo caminho.Tudo é feito em função de manter o cabide de assessores nos cargos de confiança e os cartões corporativos.
Vender a independência, a peso de milhões de reais, custa caro na hora de mobilizar. A prova disso foi o fiasco da última "jornada de lutas" chamada pela majoritária da UNE no dia 17/04 e da jornada dia 28 de março. A "jornada de lutas das públicas", acordado com o planalto para desviar a luta da UnB do questionamento às fundações regulamentadas por Lula, foi absolutamente apagada, sendo que não se realizaram atos no RJ, SP e nem em Brasília.

No passado a UNE organizou a luta pelo Fora Collor!
Hoje apóia o governo corrupto e neoliberal de Lula!
A atual direção envergonhou a memória de toda uma geração de ativistas, por fazer acordos com a Rede Globo para realizar as BIENAIS de Cultura e o projeto de história do movimento estudantil. A parceria foi realizada com aqueles que combatem o movimento estudantil e não querem a abertura integral dos arquivos da Ditadura Militar. Os parceiros globais da majoritária são os que declaram, pela voz de Jair Bolsonaro, que os militantes de esquerda dos anos de chumbo deveriam ter sido exterminados ao invés de "apenas" torturados.
O pior é que em meio à lama de corrupção que escorre do gabinete do presidente Lula a UNE destacou-se por convocar um ato público, com o Ministro da Justiça Tarso Genro, um dos que articularam juntamente com o presidente do Supremo a operação abafa para derrubar o delegado Protogenes das investigações da operação Satiagraha. A linha da UNE, diferentemente de 1992, é salvar o presidente, verdadeiro responsável pela corrupção que cresce em Brasília, tentando passar a idéia de que o problema é apenas o STF ou a corrupção tucana.
A corrupção que varre as instituições da república dos ricos, o Congresso, a presidência, os Ministros e o judiciário somente será derrotada se repetirmos as mobilizações dos caras pintadas do Fora Collor e dos estudantes da UnB. Esse é o chamado que fazemos a todos os estudantes brasileiros. Não temos dúvidas que nessa luta a majoritária da UNE estará na trincheira oposta.
Construir pela base uma nova direção para o movimento estudantil.
A vitoriosa ocupação da reitoria na UnB é um importante marco para a juventude brasileira, tornando-se um exemplo nacional de que a resolução dos problemas que afligem a população só serão resolvidos através da mobilização. No momento em que os escândalos de corrupção em Brasília acabam em "pizza", a importância da luta é fundamental. Na UnB, o Reitor, seu vice, e todos que faziam parte do decanato caíram, fruto da ação radicalizada empreendida pelos estudantes. Por isso a ocupação foi apoiada por uma ampla parcela dos movimentos sociais e por inúmeros indivíduos comuns, gente do povo pobre, indignada com a podridão do regime político brasileiro.
O processo da UnB é a parte mais avançada de uma nova fase do movimento estudantil brasileiro que se iniciou no primeiro semestre de 2007, cujo símbolo maior foi a ocupação da reitoria da USP. No segundo semestre de 2007, o método dos estudantes paulistas foi copiado em 15 universidades federais contra o REUNI. Nas pagas esse processo influenciou na retomada de lutas, a exemplo da greve da FSA-SP, da ocupação da PUC-SP e dos atos na UNAMA.
Assim foi surgindo uma nova vanguarda na base que varreu a majoritária da UNE (PC do B, PT, MR8 e aliados) dos principais DCE's do país. A unidade dos setores que compõe a Frente de Luta contra a reforma foi fundamental para essas vitórias, a exemplo da UnB.
Devemos aproveitar o momento novo que se inicia a partir do triunfo da UnB. Os jovens estão em busca de uma alternativa que simbolize a radicalidade de suas ações. A majoritária da UNE (PT e o PC do B) têm hoje um conteúdo demasiado conservador por defenderem propostas que afastem a juventude da luta contra o governo.Embora sigam majoritários entre os jovens,não mais conseguem ser a luz do novo mundo que os jovens aspiram.
As discussões existentes na esquerda do movimento estudantis podem ser resumidas da seguinte forma: de um lado, há os setores que romperam com a UNE, e que em nossa opinião, possuem uma visão estreita do processo de reorganização em curso na base dos estudantes, tentam transpor mecanicamente o processo de construção de uma nova central da classe trabalhadora no movimento sindical, para o meio estudantil, com data fixa para fundar uma nova entidade estudantil. Do outro, há setores da FOE - Frente de Oposição de esquerda da UNE, que capitulam a majoritária da UNE, como no último CONEG de Brasília onde votaram em um pre-projeto de reforma universitária da entidade que nada falava da privatização em curso, implementada pelo governo.
Fazemos esse debate com a certeza de que o caminho a seguir é o que percorremos ao constituirmos a frente de luta contra a reforma universitária.
A carta dos DCE's de públicas reunidos durante o CONEG da UnB, por fora da direção majoritária, apresentou uma pauta estudantil para o próximo período que reivindicamos integralmente. Devemos aprender com a experiência da juventude Chilena, que sem capitular e sem impor novos organismos por decretos, tem superado a burocracia estudantil de seu país.
Vamos à luta
11 de agosto de 2008

POR UMA NOVA EDITORA DA UnB

Jorge Antunes e Maria Lúcia Pinto Leal
Professores da Universidade de Brasília

A Universidade de Brasília possui uma editora que pode e deve se dedicar à publicação da produção intelectual dos pesquisadores e criadores de sua comunidade. Mas isso não acontece. Os recentes escândalos que envolvem a Editora da UnB vieram escancarar as entranhas de uma estrutura que envergonha, e que ajudou a manchar a imagem da instituição junto à sociedade brasileira.
Mas a lógica perversa daquela Editora é velha conhecida da comunidade acadêmica. Ela sempre funcionou como editora comercial, visando lucros. Sua ação dentro da Universidade foi sempre criminosa, se confrontando antagonicamente ao espírito público de difusão do saber: tornou-se uma empresa como qualquer outra, ávida por lucros.
Teses importantes e primordiais vivem engavetadas. Eis um dos sérios problemas enfrentados por professores universitários com sua produção. Muitos docentes da UnB vivem a frustração de não poder publicar seus livros e outras produções intelectuais, cujos conteúdos, importantes contribuições científicas, estéticas e pedagógicas, deveriam ser rapidamente socializadas para seus pares, para a comunidade e para as novas gerações.
A atividade editorial acadêmica deve ser reflexo e vitrine da maturidade intelectual da instituição. Para tanto, não basta publicar. É necessário fazer, através da divulgação profissional, com que o livro e outras publicações cheguem às mãos do leitor, disseminando o conhecimento. Assim, os livros e as revistas produzidos pela Universidade poderão formar elo forte entre a produção acadêmica e a sociedade. A editora universitária deve dialogar com a comunidade externa que busca seu aprimoramento profissional no saber acadêmico.
São inúmeros os casos de professores que, após submeterem seus originais ao conselho editorial da Editora da UnB, festejam a aprovação da obra em seu mérito. Mas a comemoração se interrompe algum tempo depois, quando recebem a notícia de que o Departamento Comercial da editora, em seguida, avaliou o trabalho como "não comercial".
As editoras comerciais não se interessam por trabalhos cuja tiragem, para se esgotar, deve esperar por alguns decênios. Alguns poucos órgãos de fomento apoiam edições científicas e artísticas, mas com a escassez deprimente e vergonhosa que trava e esconde a pujança da criação brasileira. A frustração acadêmica, assim, é inevitável.
É preciso que estejamos preparados para as mudanças que já estão em marcha no mundo do livro. A informática, o livro eletrônico, os recursos do hipertexto, hoje se juntam aos suportes conhecidos. A criação de bibliotecas caseiras monumentais é fenômeno que cada vez mais nos aproxima do sonho da Biblioteca de Alexandria. Mas o livro eletrônico nunca ultrapassará, em consumo, o livro em papel.
O renascimento do movimento estudantil, manifestado na recente revolta dos estudantes da Universidade de Brasília, nos oferece um novo momento para a comunidade universitária. A letargia, a condescendência, a omissão e o conformismo são rejeitados. A chama de luta, de vitória e de esperanças que foi acesa pela coragem da juventude, deve continuar viva, avançando nas mudanças. Estas podem chegar a todos os níveis em trabalho de reconstrução total. O projeto de reconstrução há de incluir, em suas metas, a criação de uma nova Editora da UnB: uma verdadeira editora universitária que será um dos braços acadêmicos que facilitarão o cumprimento da função social da universidade.
A construção da nova universidade da capital da República tem que passar pela total revisão da estrutura da Editora da UnB. Essa reestruturação deve começar pelo saneamento financeiro, alicerçado em profunda e detalhada auditoria de gastos, para evitar o surgimento de estruturas paralelas de poder, focos de corrupção como os que foram descobertos. Uma editora universitária tem por missão a difusão do conhecimento produzido pela instituição em que se insere. Ela não pode ter o lucro como principal objetivo. A mudança tem de passar por uma redefinição dos critérios editoriais, com a criação de conselhos e subconselhos capazes de captar, avaliar e indicar as obras merecedoras de incentivo. Por último, a editora precisa operar dentro dos critérios de realização de sua finalidade: o conhecimento e o consumo de suas obras. Portanto, distribuição eficaz e mecanismos modernos de divulgação devem fazer parte do conjunto de suas tarefas.
A editora precisa passar a se destacar, entre as células da instituição, como o protagonista principal no trabalho de difusão da produção acadêmica e da cultura do centro-oeste. Isto será possível com vontade política e inclusão dessa tarefa como prioridade da futura administração.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Vamos à luta por gestão democrática

Abaixo a ditadura neoliberal e privatista!

Os estudantes da UFMS decidiram ocupar a reitoria cobrando democracia nas decisões internas da universidade. Reivindicam paridade no processo eleitoral para a escolha do novo reitor da instituição, ou seja, peso igual para os três segmentos da comunidade universitária na eleição.

"Sejam realistas, exijam o impossível!"

Essa é uma luta de todos os estudantes do Brasil. É uma reivindicação histórica da comunidade universitária. Na década de 1960 o movimento estudantil chegou a realizar uma de suas maiores mobilizações na fabulosa "greve do 1/3", reivindicando peso proporcional igual entre alunos, técnicos e professores.
Infelizmente essa bandeira segue válida, pois ainda impera a "lei dos 70%", contida na LDB, que concede peso de 70% aos professores, 15% aos estudantes e 15% aos técnicos. Para piorar, transforma em mera consulta a comunidade o que deveria ser uma eleição, já que o processo se encerra no gabinete do Ministro da Educação através da "lista tríplice". Por meio da "lista" é ele quem nomeia um dos três mais votados, em sua escolha logicamente pesa o apadrinhamento político. As nefastas listas tríplices são formuladas pelos conselhos superiores, também regidos pelos "70%".
Esse entulho autoritário é uma das heranças malditas da reforma universitária do tucanato e hoje pertence ao governo Lula, pois nenhuma das medidas da era FHC/Paulo Renato foi revogada ou questionada, pelo contrário, o governo do PT aprofundou a aplicação das medidas ditadas pelo Banco Mundial. Na UNIR, por exemplo, a gestão de Lula tentou impor um reitor biônico, através da listra tríplice, fato combatido com greve pela comunidade universitária.
Há casos onde a falta de democracia ultrapassa o absurdo, como na USP - Universidade de São Paulo, com eleição indireta para escolha do Reitor.
Nas universidades particulares as coisas também são difíceis. Os donos das mantenedoras tratam as instituições como verdadeiras "lojas de educação", por isso não aceitam, de forma alguma, a eleição para reitor. Para eles é absurda até mesmo a idéia de eleger o que entendem como o "gerente da empresa".

"É proibido proibir"

"Manter a atual relação de governantes e governados é agitar o fermento de futuros transtornos. O estalo do chicote só pode atestar o silêncio dos inconscientes e dos covardes. A única atitude silenciosa, que cabe em um instituto de ciência é a do que escuta uma verdade ou a do que experimenta para acreditar ou comprová-la.
Por isso queremos arrancar na raiz do organismo universitário o arcaico e bárbaro conceito de autoridade que nestas casas de estudo é um baluarte de absurda tirania e só serve para proteger criminalmente a falsa dignidade e a falsa competência". Nestes termos, em 1918, a juventude argentina proclamou suas reivindicações durante a reforma universitária de córdoba.
Ainda hoje estas palavras servem de guia para nosso grito por gestão democrática. A reforma universitária do governo Lula, que conta com apoio da direção majoritária da UNE governista, mantêm o modelo anti-democrático nas eleições para Reitor e nas composições dos conselhos universitários. Logicamente, essa estrutura arcaica está a serviço da aplicação das medidas neoliberais na educação. O exemplo mais emblemático desse processo foi o uso de força policial, as seções secretas e repressão durante as votações que aprovaram o REUNI de Lula.


Seguir o exemplo da ocupação da UnB !

A juventude de Brasília mostrou o caminho que devemos percorrer para conseguir vitórias. A partir da luta de Brasília questionou-se o modelo anti-democrático das universidades. Escancarou-se que as medidas neoliberais, como as fundações privadas, são incompatíveis com o ambiente acadêmico, sendo também uma fonte inesgotável de corrupção.
Na UnB, a luta dos estudantes demonstrou que é possível derrotar os corruptos e suas mordomias que jogam nosso povo na miséria, que podemos vencer e revogar os mandatos dos que roubam dinheiro público e são responsáveis pela crise da educação, da saúde, pelo desemprego juvenil que arremessa milhares na vida do crime.
Ainda como fruto da ocupação foi conquistada mais 100 bolsas permanência para os estudantes, o fim da taxa de formatura e avançou-se na pauta democrática, no tema da paridade, embora se tenha que seguir mobilizando para garantir a paridade real.


"A imaginação no poder"

O modelo atual é inconcebível e não pode ser mais tolerado. Todos lembram que na luta contra a ditadura militar conquistamos o direito de votar, em eleições diretas e universais, nos governadores do país. Porém na escolha para reitor somos apenas "consultados", e nosso voto vale absolutamente nada perto do voto de um professor.
Votaremos, no dia 5 de outubro, nas eleições para prefeitos de nossas cidades, valendo o mesmo peso que um professor e um técnico. Esse direito deveria ser estendido para as eleições de reitor, conselhos superiores e unidades acadêmicas em todo o país.
Os defensores do atraso, dizem, porém, que o referencial absoluto deve ser seu corpo docente, porque ele estaria ligado a um projeto de vida inteira na missão acadêmica. Os estudantes - dizem os “catedráticos” - apenas freqüentam o campus temporariamente, por isso justifica-se o peso desigual. Dizemos não a essa meritocrácia! É necessário resgatar que os técnicos também dedicam sua vida a serviço da universidade. É importante frisar que só existe produção de conhecimento nos campi universitários pelo trabalho conjunto entre discentes, técnicos e docentes.
Os mercadores do obscurantismo dizem que as eleições "levam a política para o ambiente acadêmico" e que isso seria "negativo". Esse é um argumento nefasto, pois hoje a universidade brasileira está aparelhada pelos partidos que controlam os governos, com todo o jogo sujo e troca de favores da política nacional. Queremos "politizar a universidade" num sentido oposto ao atual, no sentido de fazê-la problematizar sua função social, produzindo conhecimento crítico a serviço da transformação social.
Devemos organizar novamente uma luta nacional por gestão democrática, nas públicas e nas pagas, por eleições e gestões no mínimo paritárias, bandeira defendida pela ANDES, combativo sindicato dos professores das universidades.
Combina-se a esse eixo a luta contra os aumentos das mensalidades e taxas nas pagas e as reivindicações dos DCE's de públicas que assinaram carta em 21 de junho em Brasília: Contra o Decreto do REUNI e dos IFET's, por autonomia nas universidades e expansão com qualidade; Pelo fim das fundações privadas e contra a regulamentação das atuais fundações; combater as Fundações Estatais de Direito Privado, em defesa dos HU's e Contra a Repressão.




Vamos à Luta,
Aos quarenta anos da rebelião de 1968.
11 de agosto de 2008 – Dia do Estudante

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

A universidade do futuro dará lugar às razões sociais e humanas


Jorge Antunes e Maria Lúcia Pinto Leal
Professores da Universidade de Brasília (UnB)

O debate sobre a universidade do futuro passa, certamente, por uma análise do paradigma mercantilista que se hegemoniza sob a égide da globalização neoliberal em franca ofensiva no Brasil pós-1995. Foi na última década do século passado que se disseminou o fordismo na educação brasileira. O mesmo debate há de passar, também, pela lógica não mercadológica que confere centralidade à democracia participativa, para a construção de uma universidade voltada aos interesses humanos e sociais, fundados em modelos públicos de educação.
A Universidade de Brasília tenta resistir, desde que foi criada, à lógica mercantil e autoritária por meio de lutas históricas mobilizadas por estudantes, professores e funcionários. Porém, nem sempre foi possível combater a ofensiva dos critérios de utilitarismo e mercantilizacão da universidade lucrativa que os neoliberais propõem como modelo de política para a educação.
Atualmente, eis que a UnB se levanta contra as armadilhas neoliberais e enfrenta o entulho do autoritarismo engendrado em sua administração. Vem sendo fortalecida a luta contra os algozes, em função da estagnação política, institucional e administrativa consolidada em patamares inimagináveis que legitimava uma série de práticas incoerentes com a finalidade essencial da universidade pública, gratuita e de qualidade.
As denúncias de corrupção que surgiram na universidade abriram profundo debate sobre a estrutura da instituição e, também, sobre a necessidade de mudanças emergenciais. São questionadas as fundações privadas. Os princípios acadêmicos são colocados em questão, assim como o funcionamento, a transparência e a democratização da universidade.
Esse processo de ruptura se deveu à mobilização estudantil e à ocupação do prédio da reitoria, que demonstraram um processo maduro de reflexão sobre a universidade. A voz dos estudantes foi capaz de envolver a sociedade e a opinião pública, na luta por mudanças estruturais.
Os estudantes pautam a reflexão contra a prática anti-humana e anti-social da universidade. A importante ruptura é dada pelo movimento estudantil, que exige uma universidade do futuro aliada a um projeto emancipatório de educação e de sociedade.
A luta pela democracia interna e pela autonomia nas universidades latino-americanas já tem longa história. Há exatos 90 anos eclodia em Córdoba, Argentina, uma revolta estudantil que repercutiu por todo o continente e por todo o mundo. O Manifesto de Córdoba, de 1918, era dirigido não só às autoridades argentinas: os líderes estudantis que o assinavam se dirigiam a toda a comunidade latino-americana. Os estudantes denunciavam o anacronismo do regime universitário. Acusavam os docentes de terem a pretensão de estar ungidos de uma espécie de direito divino.
As influências de Córdoba demoraram 44 anos para chegar ao Brasil. Em 1962 o movimento estudantil brasileiro se mobilizou na histórica Greve do Um Terço. A paridade nos pesos dos três segmentos — professores, funcionários e estudantes — para escolha de dirigentes, era a principal reivindicação. Observe-se que a recente conquista na UnB, portanto, é fruto de uma luta iniciada há 36 anos.
Em 1918 os estudantes da Universidade de Córdoba defendiam a criação de um modelo de universidade para a América Latina. Rechaçava-se a idéia de se inspirar em modelos estrangeiros de universidade. Infelizmente esse sonho vem sendo deixado de lado e, a todo momento, vemos acadêmicos preconizando este ou aquele modelo europeu ou norte-americano como sendo o ideal para o Brasil.
Este nosso povo criativo, cordial, miscigenado, especial, merece um modelo de universidade também especial. Um modelo brasileiro de universidade, democrático, libertário, autogestionário e autônomo, há de ser ainda implementado, de modo a servir de modelo para toda a América Latina. Não basta que a nova universidade seja o celeiro permanente da experimentação e da busca de novos saberes. Ela será também um centro de contestação permanente de si mesma e da sociedade global. Em seu interior deve ser combatida a competitividade capitalista, dando lugar ao sentimento de aventura, ao fascínio pelo descobrimento, à sede de saber pelo próprio saber e ao prazer da criação.


LEIA O MANIFESTO DA REFORMA UNIVERSITÁRIA DE CORDOBA 1918:
Da Juventude Argentina de Córdoba aos homens livres da América

Todo apoio aos estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso do sul


Paralisação do Campus de Aquidauana

Os acadêmicos da Universidade Federal de Mato Grosso do sul - Campus de Aquidauana,estão extremamente prejudicados pela não renovação de contratos de onze (11) professores substitutos, considerados pelo TCU contratos ilegais, fato que vem ocorrendo a anos dentro da instituição. Desde o dia 23 de julho os estudantes estão paralisados , promovendo diversas manifestações de repúdio, como a passeata do dia 24/07, reuniões e assembléias.
Destacamos a falta de professores efetivos (dedicação exclusiva) em todos os cursos do Campus de Aquidauana, e na UFMS como um todo, caso este de calamidade pública. Ressaltamos o curso de Turismo do CPAQ que possuí apenas um professor efetivo e foi afastado temporariamente. Foi discutido em Assembléia Geral dos Estudantes no dia 29/07, a impossibilidade do remanejamento ou redistribuição de docentes no quadro geral dos cursos além da defesa do Voto Paritário nas eleições da UFMS.
Diante dos fatos expostos, os universitários por se sentirem cerceados dos seus direitos, principalmente pela probabilidade do programa educacional e carga horária não serem concluídos no corrente ano, os alunos decidiram em Assembléia Geral dar continuidade a paralisação e prosseguir com os protestos, até que tenhamos uma proposta aceitável da Reitoria.
Sendo assim, reivindicaremos nosso direito ao ensino, pedindo medidas judiciais no sentido de assegurar as aulas de todas as disciplinas, e sem a possibilidade de perca do ano letivo de todas as séries. Esperamos que este momento venha fomentar ainda mais a organização do movimento estudantil de todos os oito campus desta dita Universidade Pública.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

MUDAR O RUMO dos VENTOS na EXNEL

Leia o Boletim do VàL especial para o ENEL
Esse texto é a contribuição do coletivo Vamos à Luta ao XXIX ENEL que ocorre na bela cidade de Belém no período de 19 a 26 de Julho.Esse encontro será muito importante para debatemos os rumos do MEL(Movimento estudantil de letras), da própria executiva nacional e do movimento estudantil.


Desde 2006 vimos novos rumos nos movimentos sociais, não só estudantes mas sobretudo trabalhadores do mundo inteiro le­vantaram-se em defesa de seus direitos, uma ofensiva contra os ataques sistemáticos de governos entreguistas e pró imperialistas.
Na França os estudantes derrotam a Lei do Primeiro Em­prego e derrubam ministro, no Chile os secundaristas ocupam mais de 90% das escolas do país. Em 2007 as lutas seguem, agora é o Brasil que vive ocupações de reitoria país afora, primeiro por assistência estu­dantil e depois contra o projeto do REUNI (expansão sem qualidade).
Em 2008 não é diferente, é a UnB que vira exemplo nacional de luta e conquistas contra a cor­rupção e por democracia, no Chile juventude organizada na ACEUS - Assembléia Coordenadora de Uni­versitários e Secundaristas realizam paralisações e atos nacionais e vol­tam a ocupar escolas e universidades.
Sabemos que os ataques a direitos vão seguir e nisso que deve intervir nos­sa executiva, diversas lutas surgem a cada dia no país, greves estouram em vários estados. Convidamos você a vir conosco, mudar o rumo dos ventos em nosso pais. Vamos à luta!

Mudar os rumos:por uma educação de qualidade
O expansionismo sem quali­dade, marca do projeto educacio­nal do governo Lula, foi fator de enfrentamento entre estudantes e governo. No ano de 2007 os es­tudantes se levantaram na maioria das Universidades para contestar o caráter desse projeto que de fundo obrigava ampliar os números de va­gas sem a garantia de contratação de novos professores,de técnicos e a construção de novos prédios e labo­ratórios.Essa política de expansão completa-se com o PROUNI e o en­sino a distância duas outras políticas expansionistas onde a qualidade e a aplicação do tripé ensino, pesquisa e extensão, fica em segundo plano. Este ano na UnB, que com muita mobiliza­ção derrubaram a cúpula corrupta da Universidade, colocando em xeque o papel das fundações, a privatização e a falta de democracia dentro dessas instituições, obteve uma grande con­quista com a aprovação da paridade.
Esse ano os estudantes do cur­so de letras farão o ENADE, exame obrigatório e punitivo, que joga nas costas do estu­dante a responsabilidade pelas péssimas condições de ensino.
É importante desde já a Exnel aprovar resoluções que reafirmem o boicote ao ENADE, que combatam a expansão sem qualidade, exigin­do a ampliação do acesso com a garantia de mais verbas e estru­turas adequadas para o desenvolvi­mento de um ensino de qualidade.

Mudar os rumos do ME: autonomia e independência frente ao governo.
Nesse último período ocor­reram vitoriosos processos de luta para o conjunto do movimento es­tudantil combativo. Desde a ocupa­ção da reitoria da Unicamp e USP no 1º semestre de 2007, as ocupações contra o REUNI no semestre passado e a ocupação da UnB, o movimento estudantil combativo retomou vários DCE´s e entidades para a luta, orga­nizando-se na maioria das fede­rais, chapas unitárias de oposição à direção da UNE. Esse processo se refletiu no calor das lutas, surgindo uma gama de novos lutadores que não se curvaram diante a traição da direção majoritária da UNE que taxou de “conservadores” aqueles que lu­tavam contra a aplicação do REUNI.
Desde 2007 a Frente de Luta Con­tra a Reforma Universitária vem cumprindo o papel de aglutinar os setores combativos do movimen­to estudantil que atuam na Frente de Oposição de esquerda da Une (FOE)- e os que romperam com a Une, como a Conlute. Essa uni­dade é fundamental para fortalecer as lutas e campanhas aprovadas nas reuniões da frente de luta.
No ultimo Conselho de Enti­dades Gerais da UNE-CONEG, realiza­do mês passado em Brasília, ocorreu uma plenária de DCE’s de universi­dades públicas articulados por fora da direção majoritária da UNE. Tal espa­ço articulou mais de uma dezena de DCE’s incluindo os mais representa­tivos das IFE’S (USP, UnB, UFRJ, UFF, UNIFESP, UFES, UFRGS, UNICAMP e outros) que votaram uma carta com a defesa dos principais eixos de mo­bilização para o próximo período:
Contra o Decreto do REUNI e dos IFET’s, por autonomia nas universi­dades e expansão com qualidade, Pelo fim das fundações privadas e contra a regulamentação das atuais funda­ções, Paridade já, Contra as Funda­ções Estatais de Direito Privado, em defesa dos HU’s, Contra a Repressão, pela Democracia nas universidades.
Seria muito importante que ocorres­se uma nova reunião dos DCE’s que assinaram a carta de Brasília na per­spectiva de encaminhar a luta unifi­cada dos DCE’s, coletivos e entidades que atuam por dentro e por fora da UNE, tendo o eixo da Frente de Luta.
Somente de forma unitária, com calendários concretos de luta, poderemos avançar no combate


Mudar os rumos da EXNEL:a executiva deve ser linha de frente na construção da Unidade
A EXNEL tem uma importância significativa no fortalecimento do ME nacional. Por essa importân­cia é que a sua gestão tem que ser conduzida de forma mais am­pla, democrática e participativa. Em nossa avaliação a executiva tem que ser a primeira a construir a unidade entre aqueles que es­tão no campo da Frente de Luta. Não podemos repetir erros ante­riores onde à imposição de políti­cas ou autoconstrução de alguns segmentos da executiva foi o que predominou frente à necessária unidade do movimento para derro­tar os projetos que atacavam pro­fundamente a educação pública.
Partindo dessa unidade, a execu­tiva de letras deve dar resposta às diversas instituições, fazer avançar o MEL nas estaduais que como as federais sofrem ataques e passam também por um pro­cesso de sucateamento e pre­carização do ensino, fazer au­mentar a representatividade das universidades estaduais em nossa executiva é muito importante.
Também devemos debater o en­sino de letras nas particulares, denunciar o aumento abusivo das mensalidades, a cobrança indevida de taxas extras mensalidades, a falta de democracia interna. Mon­tar uma pauta de assistência es­tudantil, isso também é parte da construção da unidade dos luta­dores, já que nas particulares en­contram-se 80% dos universitários brasileiros. Somente com a uni­dade dos estudantes das públicas com as privadas poderemos con­struir um movimento estudantil forte, combativo e democrático.
Nesse sentido temos críticas a fazer em algumas conduções no que diz respeito às deliberações e a própria construção do ENEL 2008. Desde a aprovação dos temas e mesas até a própria cen­tralização nas decisões da EXNEL o que acarretou alguns problemas no andamento do encontro. Acham­os que deve existir o respeito às diferenças para construir a ex­ecutiva de forma coletiva e plural.
É muito importante também ga­rantimos o funcionamento das secretarias nacionais que de­vem apoiar as regionais e estad­uais no suporte logístico e finan­ceiro nesse último defendemos o que foi aprovado no CONEL 2006.
O desafio desse ENEL é fortal­ecer o movimento estudantil e a própria executiva, lançando uma campanha nacional de construção de centros acadêmicos nas uni­versidades públicas e particulares, ajudar na construção da frente de luta contra a reforma universitária, começar a construir os comitês de boicote ao ENADE nos estados. È com esse sentimento e tarefas que cada estudante, CA´s e DA´s pre­sentes no ENEL terá que levar para seu estado e sua universidade.

Basta de corrupção e neoliberalismo!
Dinheiro para educação sa­bemos que existe, o problema é o desvio de recursos para pagamento da divida externa e para o bolso dos políticos e empresários corruPTos.
A privatização das teleco­municações de FHC gerou a má­fia do grupo Opportunity de Dan­iel Dantas, hoje aliado de Lula. Os mesmos métodos de compra de parlamentares, caixa 2, lavagem de dinheiros e utilização de informa­ções privilegiadas foram utilizados na votação da reforma da previdên­cia de 2003 encaminhada pelo PT e na recente fusão da Brasil Telecom e Oi. A fusão aguarda decreto de Lula para beneficio de Daniel Dantas, que monopolizará o setor das Teles.
A corrupção é parte do mod­elo neoliberal e da falsa democracia dos ricos. Nesse sentido defende­mos o cancelamento dos leiloes de privatização da era tucana, a rees­tatização das telecomunicações e de todas as empresas privatizadas e a anulação de todas as votações do congresso do mensalão. Corr­tos e corruptoras devem ir pra ca­deia com o confisco de seus bens.
Essa luta deve ser levada de forma unificada por nossa ex­ecutiva para que as verbas para educação deixem de escoar por cuecas, malas e valeriodutos.

Congresso da Conlutas


Por Wellington Cabral
Diretor do sindicato dos trabalhadores químicos de São José e Região - SP

Entre os dias 3,4,5 e 6 de julho se realizou em Betim, o I Congresso da Conlutas com a presença de 2800 delegados, 440 observadores e 71 convidados. A conlutas é uma nova central nascida ao calor das lutas contra as políticas anti-operarias do governo Lula. Neste processo, a direção da CUT se converteu em um instrumento do governo Lula para controlar as lutas, pactar com os patrões e aplicar essas medidas. Por isso, começou um importante desgaste desta direção burocrática, que passou a ocupar cargos em Ministérios, empresas Estatais e fundos de pensão. Assim surgiram chapas de oposição nos sindicatos em oposição à burocracia lulista, defendendo o classismo, a luta e a democracia sindical.
Sendo ainda minoritária no cenário nacional, a Conlutas agrupa o setor mais importante da vanguarda lutadora do país. A conlutas é o pólo mais dinâmico do reagrupamento dos novos lutadores, presente nas principais lutas, como as dos servidores, petroleiros, bancários, metalúrgicos, e professores.

Nossa tendência sindical “unidos pra lutar”, organizou um debate com Orlando Chirino, o mais importante dirigente sindical do classismo venezuelano. Chirino relatou sua experiência contra a direita golpista e os burocratas da antiga CTV e também os ataques que o governo Chaves lançou contra os trabalhadores e a autonomia sindical, com seu intento de controlar a classe operaria.

Nossa tendência se organizou para fortalecer a nova central, batalhando nos temas centrais: seu caráter de classe e a necessidade de pluralidade e respeito às minorias.

O primeiro aspecto é importantíssimo pois, apesar de que a corrente majoritária do Congresso (PSTU) se proclama classista, ao mesmo tempo propunha que a central tivesse a participação dos setores estudantis e populares sem diferenciar critérios e com o mesmo nível de representação dos trabalhadores.

Nós defendemos uma central que unifique as lutas operarias, populares e juvenis, porem com o centro na classe trabalhadora. Defendemos que o peso da classe trabalhadora fosse responsável por 70% da direção da central. Fruto dessa batalha aprovou-se que os estudantes respondem por no máximo 10% dos cargos da direção da central. Tal vitória também foi também conseguida pela parceria com a juventude classista do VAMOS À LUTA.

O segundo aspecto, a defesa da democracia operaria, respeito às minorias e pluralidade na nova central, se fez necessário em função dos desvios burocráticos que existem em diversos sindicatos da conlutas, o que também pode ser visto na construção e preparação do congresso.

Neste ponto atuamos, desde o inicio, em conjunto com os companheiros do FOS e da Conspiração Socialista, com os quais construímos um bloco, que esperamos consolidar nas lutas cotidianas.

Por fim, aprovaram se resoluções para o próximo semestre. Saímos convencidos de que cumprimos com a tarefa de ajudar a formar uma nova direção para os trabalhadores e o povo brasileiro.