quinta-feira, 31 de julho de 2008

TESE PARA O CONGRESSO DA CONLUTAS


Fundar uma nova Central Sindical, classista, autônoma, democrática e de luta

Conjuntura Internacional
Estados Unidos: O império é derrotado no Iraque e inicia-se ciclo de crise econômica


A contra ofensiva imperialista pós 11 de setembro de 2001 está sendo derrotada militarmente no Iraque. Estamos frente à segunda derrota militar dos EUA na sua história. Eles ainda ocupam o Iraque, mas o heróico combate dos iraquianos determinou que os EUA começassem a discutir as formas de retirada e não mais a invasão. Setores do governo Bush pretenderam um ataque militar ao Irã, mas cada vez há menos chance de intervenção e triunfo. O que está demonstrando Iraque e a resistência de massas é a existência de uma crise de dominação política, econômica e militar do imperialismo no Iraque e na região de Oriente Médio e Ásia Central. A estabilidade e o controle que se propunha alcançar nessa região estratégica e rica em petróleo, não foram conseguidos, e hoje existe mais instabilidade, crise, descontrole enquanto nos EUA se discute a retirada militar. Por outro lado, a política de Bush fez crescer o ódio ao imperialismo nos cinco continentes, e hoje ele está no fim de seu mandato com o nível mais baixo de popularidade e aceitação junto à população norte-americana. Cerca de 70% dos norte-americanos opõem-se à guerra. Junto a isso, aumentam os problemas sociais com as mobilizações posteriores ao furacão Katrina, a greve na GM (depois de 30 anos) ou a mobilização dos imigrantes e dos latinos, como foi a do Primeiro de Maio de 2007.

Por outro lado, o estouro da bolha imobiliária nos Estados Unidos mostra que terminou o ciclo de crescimento e se inicia um ciclo de crise capaz de provocar novas crises agudas na economia mundial. Já começa a afetar vários países, entre eles o Brasil. Ainda não se sabe a profundidade nem a duração, mas está claro que a injeção de dólares na economia americana e européia não fechou a crise. A economia dos principais países imperialistas começa a se retrair. Estaria iniciando-se um processo de recessão.
Esta crise política e econômica se evidencia na novela sem fim que foram as prévias dos democratas e republicanos. A crise no partido republicano após o fracasso da guerra e a crise interna já era esperada. Mas há também uma crise de representação nos democratas marcada por discursos "esquerdistas" e a existência de um candidato como Obama, negro e fazendo discurso contra a guerra. Claro que não se trata de uma candidatura de esquerda e sim de uma tática para ganhar votos dos negros e dos latinos, para canalizar a crise para o sistema bipartidarista.
A destruição ambiental, que antes só era discutida por especialistas, adquire tais dimensões que seus efeitos são percebidos por grande parte da população mundial. O capitalismo está destruindo o planeta, chegando ao ponto de esgotamento de recursos e crescentes catástrofes. O protocolo de Kyoto que limita as emissões de gases industriais é insuficiente. Mas nem sequer este foi assinado pelos Estados Unidos que é o maior contaminador. O capitalismo dominado por multinacionais é incapaz de impedir a degradação ambiental. Só uma economia socialista em nível mundial pode impedir a destruição do planeta.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Desafios da Diversidade Sexual na Conlutas



Por Pedro Henrique Tavares*

Entre os dias 03 e 06 de Julho realizou-se o I Congresso da Conlutas. Saímos de um congresso da Conlutas fortalecidos, fortalecidos porque conseguimos convencer que o sujeito histórico é a classe trabalhadora, e saímos fortalecidos também porque atitudes de machismo, racismo e homofobia foram rechaçadas no plenário lotado neste congresso.
A hora da festa virou hora de luta. Mesmo sendo realizado durante ao horário da festa do sábado à noite, o GT de LGBT da Conlutas ficou cheio e conseguimos encaminhar as nossas pautas.
Reconhecemos que existe grande homofobia nos setores que constroem a Conlutas, e que precisamos de ferramentas para nos armar politicamente no enfrentamento ao preconceito. Diante disso a Conlutas deve realizar em cada estado seminários e cursos de formação sobre diversidade sexual junto aos seus sindicatos filiados.
Ao mesmo tempo o combate à homofobia deve ser feito com um mínimo de condições, não somente com boa vontade. Assim a Conlutas deve dar apoio estrutural para o fortalecimento dos GT’s LGBTT.
Queremos afirmar que a Conlutas, por seu caráter classista, deve ser a alternativa daqueles que não reconhecem nas varias ONG’s policlassista a ferramenta de luta. A realidade dos trabalhadores LGBTT nas empresas é triste. São vários os que deixam de denunciar seus patrões e lutar por seus direitos por medo de perder o emprego. A descriminação ainda existe e a Conlutas deve ser o espaço em que se combate a homofobia todos os dias, observando que esta é uma luta acima de tudo da classe trabalhadora e daqueles que não possuem o capital para “comprar” sua cidadania nos bares e boates GLS’s.

Também por entender que a Conlutas tem pouco acumulo sobre o tema e que é preciso ouvir o conjunto dos e das trabalhadores/ as não heterossexuais que tiramos o indicativo de realizar no primeiro semestre de 2009 o I Encontro LGBTT da Conlutas. Antes disso estaremos construindo uma cartilha sobre as contradições do capitalismo e da forma como o capitalismo se apropria da homofobia, sobretudo no ambiente de trabalho e da importância dos sindicatos estarem presentes no combate à homofobia.
Estaremos participando das Paradas de Diversidade Sexual, disputando as massas. Não visualizamos a disputa de direção das Paradas, dada a burocratização e cooptação destas pelos aparatos do governo, tendo aí o exemplo mais contundente que foi o veto ao trio da Conlutas na Parada de São Paulo, e a própria ação da policia sob as ordens do comando da parada.
O fortalecimento do GT LGBTT da Conlutas é fundamental para dar uma resposta política ao enorme ambiente de homofobia que existe no ambiente de trabalho. Seria inconcebível que uma nova central se formasse sem enxergar que seu papel deve ir muito alem do economicismo, e sim de transformação de um modelo de sociedade que está dado, aí incluída a superação de todas as formas de opressões. É inaceitável para nós, da Unidos pra Lutar, que um/a trabalhador/ a sofre opressão do patrão, que lhe expropria a riqueza, e que sofra opressões de qualquer forma, ai incluída a homofobia, e o dirigente sindical feche os olhos para esta situação.
A unificação da classe trabalhadora, junto com nosso programa classista, passa pela superação de qualquer forma de discriminação, que tem uma função na engrenagem capitalista, e para transversalizar o debate sobre o GT LGBTT terá papel fundamental.
Ao mesmo tempo, talvez seja obvio escrever estas linhas, é importante destacar que o GT estará ao lado da classe trabalhadora, denunciando este governo que ataca os direitos da classe trabalhadora, que não tem verbas para programas em direitos humanos, mas que se antecipa no pagamento da divida externa, e demonstra de qual lado está: dos banqueiros e dos ricos. É preciso ir as ruas denunciar o exercito de Luis Inácio que mata a juventude favelada e que prende sargentos, e o mesmo presidente homofóbico não faz nada.

Os desafios para o debate sobre diversidade sexual são imensos, mas se os encaminhamentos forem cumpridos teremos grandes avanços em pouco tempo, de resto vamos à luta, unidos pra lutar.

* da Juventude do Vamos à Luta UFPa